O artigo chama-se, justamente:
(Des)Construindo o Amor
“Nada é perfeito”.
Repetimos esta frase-clichê como papagaios, sem de fato levá-la a sério.
Síndrome de Cinderela, efeito colateral de quem assiste novelas, exigências em excesso, ou, seja lá como se possa chamar isso, o fato é que cada pessoa nesse mundo, quando se trata de amor, no fundo acredita que vai achar a sua cara metade, a tampa da sua panela, o seu príncipe encantado.
E não me parece que a culpa seja do Walt Disney, do Silvio de Abreu, do Manoel Carlos ou do fabricante da Barbie. Talvez seja estrutural.
Seres incompletos afetivamente, nós crescemos pensando que alguém/algo nos completará.
Inicialmente, quando crianças, há quem fantasie que o nascimento de um irmão possa suprir essa falta. Depois há quem queira um amor, não, não era bem esse, e nem esse, e nem aquele, e por aí vai. Pulando de amor em amor, ou/e queixando-se eternamente.
Volta e meia, escuto as pessoas dizerem – Ah, mas nada é perfeito! – em tom de lamentação.
Mas felicidade não é se conformar com o pouco que se tem. Ser feliz é coisa de outra ordem.
Saber, de fato, que nada é perfeito é um modo de felicidade. É ouvir o que dizemos. É nos levarmos a sério sem perder a leveza.
Apaixonar-se é um convite ao outro para atingir a perfeição, inalcançada sozinho. É um convite para atingir a perfeição, aquela inatingível. É, assim, também, um convite à frustração. E ela chega. É aí, então, que o outro aparece despedaçado, como sempre foi. Mas de repente, aquilo que deveria ser óbvio, vira novidade.
Há que se elaborar o luto da morte daquele amado, daquele ser que foi idealizado. E, talvez, seja só aí que o amor pode nascer. A partir da desconstrução do ideal do outro, ou de pelo menos, parte dele. O (verdadeiro) amor nasce do luto.
Fonte: http://significantess.blogspot.com/2011/02/des-construindo-o-amor.html
É uma honra ler-me aqui.
ResponderEliminarFique à vontade!
Só tenho a lhe agradecer.
Abraço!
Foi um prazer ler o seu artigo. E os bons textos merecem ser partilhados, reflectidos e discutidos.
ResponderEliminarAbraços