quarta-feira, 6 de abril de 2011

Morro sem ti... Vivo sem mim...

Dei por mim a pensar na morte e no significado que ela tem para a nossa vida e mais… a forma como a incorporamos banalmente no nosso sentido. E pensando na morte questionei-me sobre o real sentido de estar a «morrer» sem algo ou sem alguém.

Qual o significado-real da afirmação “Morro sem ti”? «Morrer» sem o Outro, ainda que na esfera simbólica, traduz a presença de um vazio interno esbatido na falta do Outro e um preenchimento do próprio imago quando o Outro se inscreve na nossa essência. Traduzindo… ao assumir a nossa morte sem o Outro, estamos a perpetuar a nossa própria morte como identidade própria uma vez que, nesse caso, encontramo-nos numa relação fusional com alguém onde as identidades se cruzam e se fundam. Se o Outro está, sou completo. Se o Outro não está, sou nada.

Todavia, “Estou a morrer sem ti” é, invariavelmente, uma proposição paradoxal, uma vez que na ausência do Outro a presença da Morte é uma constante-real no âmago da vida. A vida apenas subsiste inscrita no significado da morte onde na ausência da presença desse significado, o signo da vida carece da espontaneidade e da vivacidade que realmente lhe é característico.

Digo, a vida só ganha sentido se esse mesmo sentido tiver consciência da presença da morte, sendo que a morte só nos ganha significado se a vida que levamos tiver para nós um mesmo significado. Já alguém dizia "Vive como se fosse o último dia, pois um dia será mesmo o último."

Concluindo… Não se morre na ausência do Outro, vive-se, sim, com o pesar da nossa falta na ausência do Outro.

3 comentários:

  1. Fiquei pensando também em como as relações com o Outro podem ser mortíferas. Estar com alguém pode significar a minha morte nesse caso.
    Grande abraço,
    http://ideiascirculares.blogspot.com/

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  2. Sem dúvida RC Spitz,

    Principalmente nas relações onde nos identificamos projectivamente. Cada ferida no Outro inscreve-se numa ferida narcísica no Eu.

    Li há uns tempos uma frase interessante... A melhor forma de matarmos o nosso coração é apaixonarmo-nos, pois ao apaixonarmo-nos o coração deixa de ser nosso.

    Um abraço e obrigado pela opinião!

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  3. Titulo: Mulheres que Amam Demais
    de Robin Norwood


    Sinopse

    Para algumas mulheres, amar é sempre sinónimo de sofrer.
    A este padrão de comportamento, Robin Norwood chama amar demais.
    As mulheres que amam demais…
    São atraídas por homens perturbados, distantes, temperamentais – e ignoram os “bons rapazes”, que consideram aborrecidos;
    Põem de parte amigos e interesses para estarem sempre disponíveis para ele;
    Sentem-se vazias sem ele, muito embora estar com ele seja um tormento.

    Através de uma série de relatos de casos íntimos e reveladores, Robin Norwood apresenta a estas mulheres um caminho possível no sentido de relações mais equilibradas e gratificantes.


    Excerto

    Amar demais não significa amar demasiados homens, ou apaixonar-se com frequência, ou sentir um amor profundo e genuíno por outra pessoa. Significa, na verdade, ter uma obsessão por um homem e designá-la por amor, permitindo-lhe que controle as suas próprias emoções e grande parte do seu comportamento e, apesar de se aperceber de que esta obsessão influencia negativamente a sua saúde e bem-estar, ser incapaz de se libertar dela. Significa medir o grau do amor que sente através da profundidade do seu sofrimento.




    Edição/reimpressão: 2002
    Páginas: 392
    Editor: Sinais de Fogo Publicações
    ISBN: 9789728541439
    Coleção: Outro Olhar

    Recomendo a quem interessar possa.

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