Contudo, devido à minha aproximação à Teoria da Evolução e à Psicologia Evolucionista, vou pegar na célebre ideia do quotidiano - "A homossexualidade é contra as leis da natureza" - para iniciar este post.
O Reino Animal
No reino animal, a zoologia começa por contrariar, radicalmente, a ideia da Homossexualidade como Anti-Natura uma vez que existem diversas observações de animais que mantém relações homossexuais com elementos da mesma espécie, comportamento este observado em cerca de 1.500 espécies (onde se incluem mamíferos, peixes, aves e vermes). Entre estas espécies podemos encontrar os bonobos, espécie que partilha cerca de 99% do nosso património genético, que apresenta, maioritariamente, um comportamento bissexual, utilizando o sexo para reduzir a agressividade e resolver conflitos.
Numa primeira análise, o sexo homossexual pode parecer ilógico em termos evolutivos uma vez que nos referimos a um gasto de energia num comportamento que não leva à reprodução e à propagação da espécie. Assim, a homossexualidade não teria razões para existir.
Todavia, ao longo dos anos, investigações na área do comportamento sexual foram reunindo um aglomerado de explicações para este tipo de conduta. Entre os animais, alguns utilizam o recurso para fortalecer alianças, por exemplo. Há também casos em que sexo entre machos reforça a dominação e situações em que sexo entre fêmeas cria vínculos que ajudam a criar as crias. Entre os animais, a homossexualidade ocasional, portanto, traz vantagens evolutivas.
Nathan Bailey e Marlene Zuk, da Universidade da Califórnia em Riverside, observaram o comportamento das fêmeas do albatroz-de-laysan (Phoebastria immutabilis), do Havaí.
A investigação concluiu que estas aves uniam-se em relações / casais homossexuais, que se mantinham, por vezes, durante todo o ciclo de vida, com o objectivo de criar as crias, especialmente quando se observava escassez de machos. Até um terço dos casais da espécie são formados por fêmeas. O resultado é que elas têm mais sucesso do que fêmeas "solteiras" na criação dos filhotes. O comportamento homossexual, portanto, muda a dinâmica da população --e pode ter consequências evolutivas importantes.
O Caso do Homem
Em paralelismo com o comportamento animal (como em quase tudo o que nos rodeia) existem teorias no âmbito da psicologia evolucionista que explicam o comportamento homossexual tanto feminino como masculino.
Assim, no caso das mulheres, a homossexualidade é encarada como um possível ajuste emocional entre parceiras em prol da união entre as progenitoras, cuidadoras do lar, contra a exclusão e opressão por parte dos homens. No caso da homossexualidade masculina, está poderia ser encarada como um recurso emocional para aumentar a união entre caçadores e guerreiros nas épocas primitvas.
Dr. Sigmund Freud, o aclamado Pai da Psicanálise, corroborou, de alguma forma tal teoria, ao defender que o ser humano nasce, invariavelmente, com uma predisposição à bissexualidade, ou seja, encontramo-nos naturalmente predispostos relacionarmo-nos tanto com pessoas do mesmo sexo quanto com pessoas do sexo oposto. Todavia, devido a questões reprodutivas, a sociedade incentiva mais a relação heterossexual, sendo o Homem, desde a sua terna infância, incentivado a manter comportamentos heterossexuais. Contudo, esse incentivo, segundo S. Freud, não é suficiente para aniquilar a nossa predisposição à bissexualidade, sendo que tal capacidade homoafetiva permanece passível de se desenvolver a qualquer momento.
Concluí-se, assim, que o comportamento homo, hetero e bissexual esteve sempre presente na evolução humana e no comportamento animal, continuando a ser uma constante seja qual for a sociedade, a época e o local.
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