domingo, 21 de novembro de 2010

Ainda com Édipo… Dentro da Psicopatia

Como foi explicado no post anterior, o Complexo de Édipo ocorre, mais ou menos, por volta dos 3-5 anos de idade, quando o pai quebra o forte laço afectivo da criança pela mãe, impondo certos limites como, por exemplo, ao mandar o filho ir dormir para a sua própria cama porque já não tem idade para dormir com os pais.

O papel da figura paterna reflecte, assim, as normas, as leis, o certo e o errado, as regras para o filho seguir. Pacientes psicóticos não chegam a atingir esta etapa vital, sendo que a relação dual que referi no último post (mãe-criança) nunca se extinguiu, originando dificuldades por parte do filho em formar a sua própria identidade e interiorizar regras e limites.

Édipo na Psicopatia
Sejam psicopatas ou não, várias são as crianças que passam pelo Complexo de Édipo. O que determina possíveis desvios e discrepâncias entre a normalidade e a psicopatia é a resolução desse mesmo complexo. Ou seja, tal como um indivíduo normal, um psicopata, na sua fase edipiana, manifesta grandes sentimentos afectivos pela sua mãe e o pai, à semelhança de muitos outros, também se apresenta como figura de autoridade, impondo regras e limites.

As diferenças que podemos encontrar nestes casos, não são tanto ao nível da figura paterna mas sim da figura materna. O pai impõe regras e limites ao filho (colocando, por exemplo, na sua cama), o filho apreende essas regras e limites, contudo, estamos perante uma mãe sedutora que, quando o pai não está presente, dirige-se ao quarto do filho e o leva, novamente, para a cama.

Desta forma, a criança forma a seguinte representação: “existem leis, normas e limites, existem castigos quando a lei não é cumprida, mas… existem, igualmente recompensas quando se foge à lei, principalmente quando a figura de autoridade (pai/sociedade) não se encontra a observar”.

Em suma, um psicopata é um individuo aparentemente normal, que conhece as regras, contudo não sente culpa (adquirida no complexo de édipo) e, além disso, sabe que o desvio à lei poderá trazer recompensas.
Apresento, em seguida, o caso de um dos mais famosos psicopatas – Ed Gein – cuja sua história inspirou diversos filmes de terror, nomeadamente Psycho e Massacre no Texas. No desenrolar da sua biografia, diversos são os pontos que são realçados e que fazem prever, segundo o que foi teorizado anteriormente, o desenvolvimento de uma psicopatia marcada por fixações na fase edipiana. Deixo ao leitor, a tarefa de esmiuçar este mesmo caso, encontrado os referidos pontos sintomatológicos.

Ed Gein no divã 
Edward Theodore Gein, mais conhecido como Ed Gein, nasceu a 27 de Agosto de  1906  na  cidade  de  Plainfield,  Winsconsin,  EUA.  Ele  morava  numa  quinta  em Plainfield, com o seu irmão Henry, cinco anos mais velho, a sua mãe Augusta e o seu pai George, que era  alcoólico e não se importava com a educação dos filhos. A mãe sempre foi a figura dominante  ao longo de toda a vida de Gein e o pai apenas uma figura débil e carente de opinião.

A infância de Ed desenrolou-se debaixo do fanatismo religioso da sua mãe que considerava que todas as pessoas eram uma má influência para os seus filhos, motivo pelo qual comprou a quinta para manter os seus filhos afastados de toda a perversidade do mundo. As mulheres eram o grande pecado, o caminho para a perdição, pois todas, à excepção dela, eram  pecaminosas e impuras. Assim Augusta Gein, fanática religiosa, moralista   e   dominadora,   para   além   de   obrigar   os   filhos   a   trabalhar   única   e exclusivamente  na  quinta,  proibia-os  de  manter  qualquer  contacto  com  mulheres  e afirmava que o sexo apenas deveria existir para fins reprodutivos. Todos os dias, a mãe de Gein lia sermões do antigo testamento aos seus filhos, sobre os castigos de Deus.

Em 1940 o pai de Ed morre e em 1944 segue-se o seu irmão. Na data havia ocorrido  uma discussão entre os dois irmãos, em que Henry adverte o irmão para os abusos por parte da mãe, enquanto Ed rejeita esta ideia pois considerava a sua mãe uma santa,  uma  bondade  suprema.  A  verdade  é  que  Henry  morreu em  circunstâncias misteriosas, ele e Ed saíram para combater um incêndio que se espalhava pela quinta.

Segundo Ed, o seu irmão teria morrido  intoxicado pelo fumo. Mas o corpo de Henry apresentava escoriações no rosto, e foi encontrado num local intocado pelo fogo.

Agora, tudo que Ed tinha era a sua mãe e ela era tudo que ele precisava. Porém, em 29 de Dezembro de 1945, Augusta Gein morre após uma série de enfartes, ficando Ed a morar  sozinho.  Ed ficou extremamente abalado com a perda da mãe, a qual havia idolatrado apesar do seu comportamento dominador e abusivo. Foi, então, que a sanidade de Ed Gein começou a degenerar-se. Ed começou a estudar a anatomia feminina, mais particularmente a região genital.

Mas ler livros de anatomia não foi suficiente para Ed Gein, ele sentiu vontade de aplicar na prática os seus estudos. Passou a ler o obituário no jornal, e interessava-se particularmente pelo anúncio da morte de mulheres na faixa etária da sua mãe quando esta morreu.
Com a ajuda de um amigo, Gus, Ed começou a frequentar  os  cemitérios  locais,  exumar  os  corpos  recém enterrados  (previamente escolhidos pelo obituário) e levá-los para a sua casa, algumas vezes  carregando os corpos  inteiros  e  outras,  apenas  partes  deles,  satisfazendo  assim  as  suas  fantasias relativas à necrofilia e canibalismo.

Ed realizava experimentos com os corpos recém- desenterrados, dissecava-os, e removia a pele para costurar uma roupa de mulher, com seios e vagina, que ele usava em estranhos rituais em noite de lua cheia, para se sentir mulher,  saber  como é  ter  seios e  vagina.  Colocava,  igualmente,  os  órgãos  genitais femininos na roupa interior que vestia.

Dizem que Ed empalhou o corpo da sua própria mãe e se masturbava sobre o seu corpo, e ainda que ele teria removido sua pele para usa-la em seus rituais. Às vezes Ed vestia também as roupas da mãe, e ficava perambulando pela casa. Ed tinha os costume de confeccionar móveis e objetos feitos de pele, partes de corpos e ossos.

Mais tarde, começou a matar mulheres com idade e semelhanças físicas à sua mãe, alegando que era a própria que, através de vozes, o incentivava a matar.

A  primeira  vítima  foi  Mary  Hogan,  dona  do  bar  que  ele  frequentava,  em Dezembro de 1954. No mês de Novembro de 1957, Ed Gein voltou a atacar. Desta vez foi Bernice Worden dona da loja de ferragens que ele costumava frequentar. O corpo de Bernice foi  encontrado despido e decapitado com um corte que ia da vagina até o pescoço, pendurado de cabeça para baixo num gancho de açougueiro e amarrado com cordas. Os seus intestinos e  órgãos foram encontrados dentro de uma caixa e o seu coração estava num prato na sala de jantar.

Contudo, neste último homicídio acabou por deixar pistas que acabaram por o denunciar, deixou o seu camião estacionado à frente do local do crime toda a noite.

Ed Gein foi preso em 1957 em Plainfield, nos Estados Unidos.

Na sua residência, mediatizada como “a casa dos horrores”, a polícia encontrou um  crânio usado como tigela de sopa; um tambor feito com pele humana; um corpo decapitado e  cortado ao meio, pendurado no quintal; narizes num copo; um par de lábios pendurados num fio; um coração humano no forno; um cinto feito de mamilos; partes  de  diversos  órgãos  no   frigorífico,  extraídos  de  quinze  corpos  femininos diferentes; e nove vulvas dentro de uma caixa de sapatos.

Ed confessou que gostava de se vestir com as roupas e máscaras confeccionadas de  pele  humana  e  fingir ser  a  sua  própria  mãe.

Declarou,  igualmente,  que  não  se lembrava, ao todo, quantos assassinatos havia cometido.

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