domingo, 21 de novembro de 2010

Desenvolvimento Psicossexual I – Fase Oral

Segundo S. Freud, o desenvolvimento humano e a constituição de todo o aparelho psíquico têm como base o desenvolvimento da psicossexualidade.
Este modelo do desenvolvimento postula que a sexualidade se encontra integrada no nosso ciclo vital desde o nascimento, evoluindo através de fases onde existe predominância de uma zona erógena (zona que, quando estimulada, dá prazer).

Abreviando um pouco o tema, Freud definiu, assim, 5 fases do desenvolvimento psicossexual: fase oral, fase anal, fase fálica, fase de latência (o mais correcto será, talvez, período de latência) e, por último, fase genital.

Procurarei caracterizar, de forma simplista e em “português”, cada uma destas fases do desenvolvimento, começando pela primeira de todas – a Fase Oral.

Esta fase, compreendida, geralmente, entre os 0 e os 12 meses, estende-se desde o nascimento até ao desmame, estando sob o primado da zona erógena bucal. A necessidade fisiológica de chupar aparece logo nas primeiras horas de vida, todavia, apesar de satisfeito, o bebé continua, durante o sono, a efectuar com os lábios movimentos de sucção.

O prazer da sucção, independentemente das necessidades alimentares, é, antes de mais, um prazer auto-erótico. É o tipo do prazer narcísico primário, pois o bebé não tem noção de um mundo exterior diferenciado de si (o bebé percebe o mundo como uma extensão de si próprio).

A criança gosta, tanto como de si mesma, daquilo que lhe metem na boca (o seio, a chupeta) e, por extensão (como referi anteriormente, não há noção de mundo diferenciado), da ama ou da mãe que aparece necessariamente relacionada ao prazer da amamentação, com quem ela se identifica. Associada a sensações de prazer e conforto, a mãe torna-se, assim, num objecto de amor e a criança sorri-lhe e faz festas mesmo fora da hora da amamentação.

A atitude face ao mundo externo irá moldar-se a partir dessa relação amorosa. Perante qualquer coisa que lhe desperte interesse, a criança irá levar à boca. Absorver o objecto, participar delem conduz ao prazer de ter que se confunde, para o bebé, com o prazer de ser.

Esta primeira etapa pode ser descrita como a Fase Oral Passiva.
O que acontece em seguida remete para o aparecimento da dentição em que, com o sofrimento que isso provoca para a criança, esta procura aliviar a dor mordendo os objectos, entrando, assim, na Fase Oral Activa.

A criança morderá os objectos que tiver na boca e também o seio se ainda mamar, sendo a dentada a sua primeira pulsão agressiva. Nesta fase espera-se que o desmame já tenha sido realizado (que deve ser começado entre os 4/5 meses e terminar por volta dos 8). Se o desmame apenas começa nesta fase, onde a criança investe os seus primeiros comportamentos agressivos, o desmame será encarado como uma consequência dessa agressão, sendo uma punição sob a forma de frustração. Nas crianças com períodos de amamentação prolongados existe a dificuldade em desfrutar completamente da sua faculdade de agressividade sem provocar uma necessidade de auto-punição. É, então, conveniente que a criança tenha ao seu alcance objectos susceptíveis de serem chupados e mordidos, sem provocarem proibições dos adultos.

Se um desmame brusco priva subitamente a criança do seio materno, sem que a criança tenha investido a sua libido noutros objectos), ela corre o risco de ficar fixada a um modo oral passivo (crianças crescidas que chupam no dedo).

Será a preponderância das componentes orais parciais que, dependendo das posteriores utilizações, modela os oradores, fumadores, pessoas com grande apetite, etc.

À fase oral está relacionada a formação de personalidades de carácter egoísta, onde o indivíduo procura o afecto exclusivo de uma determinada pessoa, independentemente do sexo. Ganância, curiosidade e dependência são traços comuns.

De notar que alguma retenção nesta fase (procura de prazeres orais) é normal, tornando-se unicamente patológico se a pessoa for excessivamente dependente de hábitos orais para alivio da ansiedade.

1 comentário:

  1. Ótimo post. Como mãe, gostaria q comentasse como proceder nessa fase oral. Deve- se dar o peito sempre que o bebê demanda ou deve-se limitar as mamadas? No caso de limitar, como satisfaze-lo na hora do frisson da sucção. Obrigada

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