Neste post não pretendo fazer nenhuma exposição teórica mas sim, somente, uma exposição de algum do trabalho de Gregory Crewdson, um fotógrafo americano, nascido na década de 1960, cujas temáticas das suas produções mergulham em torno das angústias, sonhos e conflitos do Homem. Filho de um psicanalista freudiano, Gregory, em criança, ouvia as sessões do pai que decorriam na cave, tendo estas marcado a sua vida e influenciado a sua carreira profissional.
Colocarei aqui algumas fotografias de Gregory e apresentarei a minha interpretação para uma das fotografias.
Deixo ao critério de cada um a interpretação de cada trabalho.
Nesta fotografia contemplo aquilo que muitos psicólogos, psiquiatras e psicanalistas denominam de amor narcísico com cariz possessivo de uma mãe para com um filho, neste caso para com uma filha. Esta insuficiência narcísica por parte da mãe fomenta um amor para com o filho como se este fosse um prolongamento desta, ou seja, como se o filho fosse a sua peça fundamental do equilíbrio psicodinâmico.
Assim, estas mães, comummente, exigem aos filhos um amor incondicional a si próprias, sem espaço de autonomia e crescimento psíquico. Pela fotografia apresentada, o que observo é uma figura adulta a mirar-se depressivamente perante o espelho, observando o olhar atento e recriminatório da sua mãe (figura apresentada lateralmente no espelho), que tem uma imagem semelhante à sua (prolongamento da sua existência). Atrás observamos um corpo nu, pautado pela atmosfera decadente. Por este objecto interpreto a falta de autonomia e de expressividade sexual que a figura adulta real manifesta devido às repressões impostas pela imagem omnipresente da figura materna. Atendendo que é com base no modelo paterno que a criança suprime a dependência da mãe e ganha autonomia (como referi num post anterior, a relação dual transforma-se na relação triangular edipiana), a falta da figura masculina nesta fotografia poderá sustentar esta hipótese.
Posteriormente a uma visão pessoal (muitas mais serão aceites e correctas) deste trabalho, providencio outras fotografias para os mais curiosos:
São belas fotografias. Muito interessante, mas como psicóloga e fotógrafa, eu evito escolher correntes filosóficas para descrever cenas. A fotografia é uma das expressões artísticas mais projetivas, pois trabalha com o instante, com atos momentâneos. Então por mais que a descrição faça sentido e seja bem bonita, ainda acho que não é uma boa explicação pois limita a imagem e imagens fotográficas não tem limites. Um abraço.
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