Na próxima Segunda-Feira, dia 6 de Dezembro, pelas 16h30 irá ocorrer no Politécnico de Viseu um Ciclo de Conferências sobre as Ciências Sociais na Sociedade Actual, mais especificamente o papel da Psicologia e da Sociologia, onde eu irei dar o meu contributo no domínio da Psicologia Evolucionista.
Entrada isenta de inscrição e de pagamento.
Palestras:
Desigualdades de Género
Dr.ª Ana Jerónimo (UBI)
Saúde Sexual e Reprodutiva
Mestre Ana Luísa Pacheco (FPCE-UC)
Rácio 2D:4D e o Funcionamento Cerebral: Possíveis Relações
Mestre Cláudio Vieira (FPCE-UC)
Depressão na Sociedade Actual
Mestre Inês Carolina Ribeiro (FPCE-UC)
terça-feira, 30 de novembro de 2010
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Série - In Treatment
Finalmente chega à televisão portuguesa esta grande produção da HBO que retrata a Psicologia, mais propriamente a Psicanálise, como eu nunca antes havia assistido.
O actor Gabriel Bryne (participou no filme Stigmata) encarna o papel de Dr. Paul, um psicanalista, que atende 4 pacientes diferentes ao longo da semana. À Segunda-Feira, chega ao consultório Laura, uma enfermeira que desenvolveu, no decorrer da terapia, transferência erótica por Paul. Às Terças é a vez de Alex, um piloto de guerra com Stress Pós-Traumático. No dia seguinte, Dr. Paul recebe Sophie, uma adolescente atleta que vem à consulta por tentativa de suicídio. Chegada a Quinta-Feira, Jake e Amy apresentam-se no consultório para embarcar numa terapia de casal. Às Sextas (pessoalmente, o melhor dia), é a vez de Paul se "deitar no divã", ao consultar a sua amiga e supervisora Gina (Dianne Wiest, que participou no filme Eduardo Mãos-de-Tesoura), tanto para se aconselhar sobre os seus pacientes como, também, para resolver conflitos pessoais.
A meu ver, In Treatment apresenta-se como aquelas séries onde ou se morre de amores ou facilmente se desliga o ecrã. As cenas decorrem, essencialmente, num consultório, com diálogos monocórdicos por parte do psicanalista (contudo, muito bem construídos e estruturados), onde a câmera gira ora em torno do terapeuta ora em torno do paciente.
É uma série que escava, com todo o rigor, as emoções mais intrinsecas que podemos encontrar no nosso quotidiano, sem utilizar uma linguagem muito técnica e «psicanalitiquizada», sendo de fácil digestão para o público em geral. Recomendo-a a todos os que se interessam pelo domínio das ciências psicológicas e que, basicamente, gostam de pensar.
Facilmente se cria empatia com os pacientes ao longo da temporada e, quando esta termina, fica o sentimento de saudade e de despedida daqueles actores que tão bem encarnaram o seu papel e que experiênciaram uma verdadeira catarse no divã de Paul.
A série (1ª temporada) decorre às Segundas-Feiras na SIC, por volta da 1h30.
Para quem é adepto da via online, já pode encontrar disponível a 3ª temporada.
Deixo aqui o trailer de promoção à 1ª Temp:
Site Oficial
http://www.hbo.com/in-treatment
O actor Gabriel Bryne (participou no filme Stigmata) encarna o papel de Dr. Paul, um psicanalista, que atende 4 pacientes diferentes ao longo da semana. À Segunda-Feira, chega ao consultório Laura, uma enfermeira que desenvolveu, no decorrer da terapia, transferência erótica por Paul. Às Terças é a vez de Alex, um piloto de guerra com Stress Pós-Traumático. No dia seguinte, Dr. Paul recebe Sophie, uma adolescente atleta que vem à consulta por tentativa de suicídio. Chegada a Quinta-Feira, Jake e Amy apresentam-se no consultório para embarcar numa terapia de casal. Às Sextas (pessoalmente, o melhor dia), é a vez de Paul se "deitar no divã", ao consultar a sua amiga e supervisora Gina (Dianne Wiest, que participou no filme Eduardo Mãos-de-Tesoura), tanto para se aconselhar sobre os seus pacientes como, também, para resolver conflitos pessoais.
A meu ver, In Treatment apresenta-se como aquelas séries onde ou se morre de amores ou facilmente se desliga o ecrã. As cenas decorrem, essencialmente, num consultório, com diálogos monocórdicos por parte do psicanalista (contudo, muito bem construídos e estruturados), onde a câmera gira ora em torno do terapeuta ora em torno do paciente.
É uma série que escava, com todo o rigor, as emoções mais intrinsecas que podemos encontrar no nosso quotidiano, sem utilizar uma linguagem muito técnica e «psicanalitiquizada», sendo de fácil digestão para o público em geral. Recomendo-a a todos os que se interessam pelo domínio das ciências psicológicas e que, basicamente, gostam de pensar.
Facilmente se cria empatia com os pacientes ao longo da temporada e, quando esta termina, fica o sentimento de saudade e de despedida daqueles actores que tão bem encarnaram o seu papel e que experiênciaram uma verdadeira catarse no divã de Paul.
A série (1ª temporada) decorre às Segundas-Feiras na SIC, por volta da 1h30.
Para quem é adepto da via online, já pode encontrar disponível a 3ª temporada.
Deixo aqui o trailer de promoção à 1ª Temp:
Site Oficial
http://www.hbo.com/in-treatment
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
O Menino de Ouro - Ensaios sobre a Submissão
Começaremos este post por caracterizar, sintéticamente, Sua Majestade - O Bebé.
Um recém-nascido é, basicamente, uma massa de necessidades (sejam elas do foro fisiológico ou emocionais), ficando dependente, inteiramente, das pessoas que o rodeiam. Ao mundo externo fica, assim, incutida a responsabilidade de atender às necessidades do bebé, não estando este equipado para perceber as dos demais (a coisa mais importante que pode oferecer em troca é a satisfação de ser visto, reagindo aos cuidados que lhe são dados).
Contudo, aquando à chegada da fase adulta, é expectável que uma porção substancial da sua vida se constitua em colocar em segundo plano as suas próprias necessidades e assumir, então, responsabilidades pelas necessidades dos outros. Para que esta transição ocorra de forma saudável e adaptativa, são requeridos cerca de dois passos:
1. Em primeiro lugar, o bebé deve receber o suficiente dos outros quando apela à satisfação das suas necessidades básicas.
2. Posteriormente, é importante que a criança tenha consciência que nem todas as suas exigências podem ser atendidas imediatamente, se é que alguma vez o podem, e que os demais apresentam tantas necessidades tanto quanto ele.
1. Em primeiro lugar, o bebé deve receber o suficiente dos outros quando apela à satisfação das suas necessidades básicas.
2. Posteriormente, é importante que a criança tenha consciência que nem todas as suas exigências podem ser atendidas imediatamente, se é que alguma vez o podem, e que os demais apresentam tantas necessidades tanto quanto ele.
Se o segundo passo é colocado em acção de modo demasiado lento ou ineficaz, a criança tende a personalizar-se num ser cheio de exigências, egoísta e incapaz de tolerar frustrações. Por outro lado, se o primeiro requisito não é preenchido e / ou se o segundo e levado a cabo demasiado rápido (que é o aspecto de maior relevância neste post), o resultado será um individuo afectivamente carente, cheio de necessidades não satisfeitas, muitas vezes intolerante ante exigências.
Para colmatar tal carência de necessidades, diversas são as vezes em que se assiste a um perfil de submissão por parte destes indivíduos, sendo descritos pelos próximos como uma “pessoa bondosa”, “o filho que todos gostariam de ter” (não esquecendo, contudo, que a sua intolerância ante exigências é descrita invariavelmente como “muitas vezes tem mau feitio mas não deixa de ter um bom coração”).
A elevação de tais qualidades morais destas pessoas pelo objecto para com o mundo com que se relalaciona, tem um efeito de feedback positivo, intensificando as formações reactivas (ver post – Mecanismos de Defesa) ao sadismo e agressividade (tentando inibir o referido “mau feitio”): piedade, comoção perante o sofrimento alheio, espírito de sacrifício, gratidão excessiva, amor ao trabalho e pelo trabalho, etc.
O indivíduo submisso apresenta-se, assim, ao mundo como uma pessoa tímida, envergonhada em matéria de afecto, faminta de amor, uma vez que a inibição não extingue o desejo, apenas o encobre. Como refere Coimbra de Matos: “sempre na expectativa da recusa amorosa do objecto actual - no qual antevê uma resposta idêntica à da imago infantil – retrai-se fobicamente. Insatisfeito, não pára de procurar amor, mesmo que para o obter tenha de se submeter masoquisticamente – como o fez (porque teve de o fazer) na infância (ainda que para receber tão somente restos, migalhas, esmolas.”
Sempre aguardando o dia em que a pessoa amada o abandone e recuse o seu amor, o sujeito procura actos de sedução, conquistando o interesse através da sua exibição, ou seja, sente a necessidade de se mostrar melhor do que aquilo que realmente é (self real), ou do que se julga, evidenciando, desta forma, a uma patologia do ideal do eu (self ideal): ser perfeito, completo, o mais inteligente, o mais belo.
Que implicações podemos constatar nestes indivíduos no palco das suas relações sociais? A ânsia de afecto e o medo da recusa e/ou abandono por parte do outro, leva a que estas pessoas sejam presas fáceis de alguém que, pela sua abertura de contacto, o cativa, e encanta, mas que o tem completamente nas mãos. Não são tão poucas as vezes em que se observa indivíduos com esta estrutura de personalidade a submeterem-se às ordens do seu objecto de amor, quando este lhe mata a fome de afecto que tanto procura.
Concluindo, saciada esta fome narcísica, o outro pode então maltratá-lo, traí-lo ou explorá-lo, que o masoquista não o deixará de amar e de se lhe submeter.
Termino este post lançando o desafio de observar atentamente as relações que nos rodeiam e questionando:
Quão estranho é este quotidiano?
domingo, 21 de novembro de 2010
Psicanálise e Fotografia
Neste post não pretendo fazer nenhuma exposição teórica mas sim, somente, uma exposição de algum do trabalho de Gregory Crewdson, um fotógrafo americano, nascido na década de 1960, cujas temáticas das suas produções mergulham em torno das angústias, sonhos e conflitos do Homem. Filho de um psicanalista freudiano, Gregory, em criança, ouvia as sessões do pai que decorriam na cave, tendo estas marcado a sua vida e influenciado a sua carreira profissional.
Colocarei aqui algumas fotografias de Gregory e apresentarei a minha interpretação para uma das fotografias.
Deixo ao critério de cada um a interpretação de cada trabalho.
Nesta fotografia contemplo aquilo que muitos psicólogos, psiquiatras e psicanalistas denominam de amor narcísico com cariz possessivo de uma mãe para com um filho, neste caso para com uma filha. Esta insuficiência narcísica por parte da mãe fomenta um amor para com o filho como se este fosse um prolongamento desta, ou seja, como se o filho fosse a sua peça fundamental do equilíbrio psicodinâmico.
Assim, estas mães, comummente, exigem aos filhos um amor incondicional a si próprias, sem espaço de autonomia e crescimento psíquico. Pela fotografia apresentada, o que observo é uma figura adulta a mirar-se depressivamente perante o espelho, observando o olhar atento e recriminatório da sua mãe (figura apresentada lateralmente no espelho), que tem uma imagem semelhante à sua (prolongamento da sua existência). Atrás observamos um corpo nu, pautado pela atmosfera decadente. Por este objecto interpreto a falta de autonomia e de expressividade sexual que a figura adulta real manifesta devido às repressões impostas pela imagem omnipresente da figura materna. Atendendo que é com base no modelo paterno que a criança suprime a dependência da mãe e ganha autonomia (como referi num post anterior, a relação dual transforma-se na relação triangular edipiana), a falta da figura masculina nesta fotografia poderá sustentar esta hipótese.
Posteriormente a uma visão pessoal (muitas mais serão aceites e correctas) deste trabalho, providencio outras fotografias para os mais curiosos:
Colocarei aqui algumas fotografias de Gregory e apresentarei a minha interpretação para uma das fotografias.
Deixo ao critério de cada um a interpretação de cada trabalho.
Nesta fotografia contemplo aquilo que muitos psicólogos, psiquiatras e psicanalistas denominam de amor narcísico com cariz possessivo de uma mãe para com um filho, neste caso para com uma filha. Esta insuficiência narcísica por parte da mãe fomenta um amor para com o filho como se este fosse um prolongamento desta, ou seja, como se o filho fosse a sua peça fundamental do equilíbrio psicodinâmico.
Assim, estas mães, comummente, exigem aos filhos um amor incondicional a si próprias, sem espaço de autonomia e crescimento psíquico. Pela fotografia apresentada, o que observo é uma figura adulta a mirar-se depressivamente perante o espelho, observando o olhar atento e recriminatório da sua mãe (figura apresentada lateralmente no espelho), que tem uma imagem semelhante à sua (prolongamento da sua existência). Atrás observamos um corpo nu, pautado pela atmosfera decadente. Por este objecto interpreto a falta de autonomia e de expressividade sexual que a figura adulta real manifesta devido às repressões impostas pela imagem omnipresente da figura materna. Atendendo que é com base no modelo paterno que a criança suprime a dependência da mãe e ganha autonomia (como referi num post anterior, a relação dual transforma-se na relação triangular edipiana), a falta da figura masculina nesta fotografia poderá sustentar esta hipótese.
Posteriormente a uma visão pessoal (muitas mais serão aceites e correctas) deste trabalho, providencio outras fotografias para os mais curiosos:
Desenvolvimento Psicossexual I – Fase Oral
Segundo S. Freud, o desenvolvimento humano e a constituição de todo o aparelho psíquico têm como base o desenvolvimento da psicossexualidade.
Este modelo do desenvolvimento postula que a sexualidade se encontra integrada no nosso ciclo vital desde o nascimento, evoluindo através de fases onde existe predominância de uma zona erógena (zona que, quando estimulada, dá prazer).
Abreviando um pouco o tema, Freud definiu, assim, 5 fases do desenvolvimento psicossexual: fase oral, fase anal, fase fálica, fase de latência (o mais correcto será, talvez, período de latência) e, por último, fase genital.
Procurarei caracterizar, de forma simplista e em “português”, cada uma destas fases do desenvolvimento, começando pela primeira de todas – a Fase Oral.
Esta fase, compreendida, geralmente, entre os 0 e os 12 meses, estende-se desde o nascimento até ao desmame, estando sob o primado da zona erógena bucal. A necessidade fisiológica de chupar aparece logo nas primeiras horas de vida, todavia, apesar de satisfeito, o bebé continua, durante o sono, a efectuar com os lábios movimentos de sucção.
O prazer da sucção, independentemente das necessidades alimentares, é, antes de mais, um prazer auto-erótico. É o tipo do prazer narcísico primário, pois o bebé não tem noção de um mundo exterior diferenciado de si (o bebé percebe o mundo como uma extensão de si próprio).
A criança gosta, tanto como de si mesma, daquilo que lhe metem na boca (o seio, a chupeta) e, por extensão (como referi anteriormente, não há noção de mundo diferenciado), da ama ou da mãe que aparece necessariamente relacionada ao prazer da amamentação, com quem ela se identifica. Associada a sensações de prazer e conforto, a mãe torna-se, assim, num objecto de amor e a criança sorri-lhe e faz festas mesmo fora da hora da amamentação.
A atitude face ao mundo externo irá moldar-se a partir dessa relação amorosa. Perante qualquer coisa que lhe desperte interesse, a criança irá levar à boca. Absorver o objecto, participar delem conduz ao prazer de ter que se confunde, para o bebé, com o prazer de ser.
Esta primeira etapa pode ser descrita como a Fase Oral Passiva.
O que acontece em seguida remete para o aparecimento da dentição em que, com o sofrimento que isso provoca para a criança, esta procura aliviar a dor mordendo os objectos, entrando, assim, na Fase Oral Activa.
A criança morderá os objectos que tiver na boca e também o seio se ainda mamar, sendo a dentada a sua primeira pulsão agressiva. Nesta fase espera-se que o desmame já tenha sido realizado (que deve ser começado entre os 4/5 meses e terminar por volta dos 8). Se o desmame apenas começa nesta fase, onde a criança investe os seus primeiros comportamentos agressivos, o desmame será encarado como uma consequência dessa agressão, sendo uma punição sob a forma de frustração. Nas crianças com períodos de amamentação prolongados existe a dificuldade em desfrutar completamente da sua faculdade de agressividade sem provocar uma necessidade de auto-punição. É, então, conveniente que a criança tenha ao seu alcance objectos susceptíveis de serem chupados e mordidos, sem provocarem proibições dos adultos.
Se um desmame brusco priva subitamente a criança do seio materno, sem que a criança tenha investido a sua libido noutros objectos), ela corre o risco de ficar fixada a um modo oral passivo (crianças crescidas que chupam no dedo).
Será a preponderância das componentes orais parciais que, dependendo das posteriores utilizações, modela os oradores, fumadores, pessoas com grande apetite, etc.
À fase oral está relacionada a formação de personalidades de carácter egoísta, onde o indivíduo procura o afecto exclusivo de uma determinada pessoa, independentemente do sexo. Ganância, curiosidade e dependência são traços comuns.
De notar que alguma retenção nesta fase (procura de prazeres orais) é normal, tornando-se unicamente patológico se a pessoa for excessivamente dependente de hábitos orais para alivio da ansiedade.
Este modelo do desenvolvimento postula que a sexualidade se encontra integrada no nosso ciclo vital desde o nascimento, evoluindo através de fases onde existe predominância de uma zona erógena (zona que, quando estimulada, dá prazer).
Abreviando um pouco o tema, Freud definiu, assim, 5 fases do desenvolvimento psicossexual: fase oral, fase anal, fase fálica, fase de latência (o mais correcto será, talvez, período de latência) e, por último, fase genital.
Procurarei caracterizar, de forma simplista e em “português”, cada uma destas fases do desenvolvimento, começando pela primeira de todas – a Fase Oral.
Esta fase, compreendida, geralmente, entre os 0 e os 12 meses, estende-se desde o nascimento até ao desmame, estando sob o primado da zona erógena bucal. A necessidade fisiológica de chupar aparece logo nas primeiras horas de vida, todavia, apesar de satisfeito, o bebé continua, durante o sono, a efectuar com os lábios movimentos de sucção.
O prazer da sucção, independentemente das necessidades alimentares, é, antes de mais, um prazer auto-erótico. É o tipo do prazer narcísico primário, pois o bebé não tem noção de um mundo exterior diferenciado de si (o bebé percebe o mundo como uma extensão de si próprio).
A criança gosta, tanto como de si mesma, daquilo que lhe metem na boca (o seio, a chupeta) e, por extensão (como referi anteriormente, não há noção de mundo diferenciado), da ama ou da mãe que aparece necessariamente relacionada ao prazer da amamentação, com quem ela se identifica. Associada a sensações de prazer e conforto, a mãe torna-se, assim, num objecto de amor e a criança sorri-lhe e faz festas mesmo fora da hora da amamentação.
A atitude face ao mundo externo irá moldar-se a partir dessa relação amorosa. Perante qualquer coisa que lhe desperte interesse, a criança irá levar à boca. Absorver o objecto, participar delem conduz ao prazer de ter que se confunde, para o bebé, com o prazer de ser.
Esta primeira etapa pode ser descrita como a Fase Oral Passiva.
O que acontece em seguida remete para o aparecimento da dentição em que, com o sofrimento que isso provoca para a criança, esta procura aliviar a dor mordendo os objectos, entrando, assim, na Fase Oral Activa.
A criança morderá os objectos que tiver na boca e também o seio se ainda mamar, sendo a dentada a sua primeira pulsão agressiva. Nesta fase espera-se que o desmame já tenha sido realizado (que deve ser começado entre os 4/5 meses e terminar por volta dos 8). Se o desmame apenas começa nesta fase, onde a criança investe os seus primeiros comportamentos agressivos, o desmame será encarado como uma consequência dessa agressão, sendo uma punição sob a forma de frustração. Nas crianças com períodos de amamentação prolongados existe a dificuldade em desfrutar completamente da sua faculdade de agressividade sem provocar uma necessidade de auto-punição. É, então, conveniente que a criança tenha ao seu alcance objectos susceptíveis de serem chupados e mordidos, sem provocarem proibições dos adultos.
Se um desmame brusco priva subitamente a criança do seio materno, sem que a criança tenha investido a sua libido noutros objectos), ela corre o risco de ficar fixada a um modo oral passivo (crianças crescidas que chupam no dedo).
Será a preponderância das componentes orais parciais que, dependendo das posteriores utilizações, modela os oradores, fumadores, pessoas com grande apetite, etc.
À fase oral está relacionada a formação de personalidades de carácter egoísta, onde o indivíduo procura o afecto exclusivo de uma determinada pessoa, independentemente do sexo. Ganância, curiosidade e dependência são traços comuns.
De notar que alguma retenção nesta fase (procura de prazeres orais) é normal, tornando-se unicamente patológico se a pessoa for excessivamente dependente de hábitos orais para alivio da ansiedade.
Ainda com Édipo… Dentro da Psicopatia
Como foi explicado no post anterior, o Complexo de Édipo ocorre, mais ou menos, por volta dos 3-5 anos de idade, quando o pai quebra o forte laço afectivo da criança pela mãe, impondo certos limites como, por exemplo, ao mandar o filho ir dormir para a sua própria cama porque já não tem idade para dormir com os pais.
Édipo na Psicopatia
Sejam psicopatas ou não, várias são as crianças que passam pelo Complexo de Édipo. O que determina possíveis desvios e discrepâncias entre a normalidade e a psicopatia é a resolução desse mesmo complexo. Ou seja, tal como um indivíduo normal, um psicopata, na sua fase edipiana, manifesta grandes sentimentos afectivos pela sua mãe e o pai, à semelhança de muitos outros, também se apresenta como figura de autoridade, impondo regras e limites.
As diferenças que podemos encontrar nestes casos, não são tanto ao nível da figura paterna mas sim da figura materna. O pai impõe regras e limites ao filho (colocando, por exemplo, na sua cama), o filho apreende essas regras e limites, contudo, estamos perante uma mãe sedutora que, quando o pai não está presente, dirige-se ao quarto do filho e o leva, novamente, para a cama.
Desta forma, a criança forma a seguinte representação: “existem leis, normas e limites, existem castigos quando a lei não é cumprida, mas… existem, igualmente recompensas quando se foge à lei, principalmente quando a figura de autoridade (pai/sociedade) não se encontra a observar”.
Em suma, um psicopata é um individuo aparentemente normal, que conhece as regras, contudo não sente culpa (adquirida no complexo de édipo) e, além disso, sabe que o desvio à lei poderá trazer recompensas.
Apresento, em seguida, o caso de um dos mais famosos psicopatas – Ed Gein – cuja sua história inspirou diversos filmes de terror, nomeadamente Psycho e Massacre no Texas. No desenrolar da sua biografia, diversos são os pontos que são realçados e que fazem prever, segundo o que foi teorizado anteriormente, o desenvolvimento de uma psicopatia marcada por fixações na fase edipiana. Deixo ao leitor, a tarefa de esmiuçar este mesmo caso, encontrado os referidos pontos sintomatológicos.
Ed Gein no divã
Edward Theodore Gein, mais conhecido como Ed Gein, nasceu a 27 de Agosto de 1906 na cidade de Plainfield, Winsconsin, EUA. Ele morava numa quinta em Plainfield, com o seu irmão Henry, cinco anos mais velho, a sua mãe Augusta e o seu pai George, que era alcoólico e não se importava com a educação dos filhos. A mãe sempre foi a figura dominante ao longo de toda a vida de Gein e o pai apenas uma figura débil e carente de opinião.A infância de Ed desenrolou-se debaixo do fanatismo religioso da sua mãe que considerava que todas as pessoas eram uma má influência para os seus filhos, motivo pelo qual comprou a quinta para manter os seus filhos afastados de toda a perversidade do mundo. As mulheres eram o grande pecado, o caminho para a perdição, pois todas, à excepção dela, eram pecaminosas e impuras. Assim Augusta Gein, fanática religiosa, moralista e dominadora, para além de obrigar os filhos a trabalhar única e exclusivamente na quinta, proibia-os de manter qualquer contacto com mulheres e afirmava que o sexo apenas deveria existir para fins reprodutivos. Todos os dias, a mãe de Gein lia sermões do antigo testamento aos seus filhos, sobre os castigos de Deus.
Em 1940 o pai de Ed morre e em 1944 segue-se o seu irmão. Na data havia ocorrido uma discussão entre os dois irmãos, em que Henry adverte o irmão para os abusos por parte da mãe, enquanto Ed rejeita esta ideia pois considerava a sua mãe uma santa, uma bondade suprema. A verdade é que Henry morreu em circunstâncias misteriosas, ele e Ed saíram para combater um incêndio que se espalhava pela quinta.
Segundo Ed, o seu irmão teria morrido intoxicado pelo fumo. Mas o corpo de Henry apresentava escoriações no rosto, e foi encontrado num local intocado pelo fogo.
Agora, tudo que Ed tinha era a sua mãe e ela era tudo que ele precisava. Porém, em 29 de Dezembro de 1945, Augusta Gein morre após uma série de enfartes, ficando Ed a morar sozinho. Ed ficou extremamente abalado com a perda da mãe, a qual havia idolatrado apesar do seu comportamento dominador e abusivo. Foi, então, que a sanidade de Ed Gein começou a degenerar-se. Ed começou a estudar a anatomia feminina, mais particularmente a região genital.
Mas ler livros de anatomia não foi suficiente para Ed Gein, ele sentiu vontade de aplicar na prática os seus estudos. Passou a ler o obituário no jornal, e interessava-se particularmente pelo anúncio da morte de mulheres na faixa etária da sua mãe quando esta morreu.
Com a ajuda de um amigo, Gus, Ed começou a frequentar os cemitérios locais, exumar os corpos recém enterrados (previamente escolhidos pelo obituário) e levá-los para a sua casa, algumas vezes carregando os corpos inteiros e outras, apenas partes deles, satisfazendo assim as suas fantasias relativas à necrofilia e canibalismo.
Ed realizava experimentos com os corpos recém- desenterrados, dissecava-os, e removia a pele para costurar uma roupa de mulher, com seios e vagina, que ele usava em estranhos rituais em noite de lua cheia, para se sentir mulher, saber como é ter seios e vagina. Colocava, igualmente, os órgãos genitais femininos na roupa interior que vestia.
Dizem que Ed empalhou o corpo da sua própria mãe e se masturbava sobre o seu corpo, e ainda que ele teria removido sua pele para usa-la em seus rituais. Às vezes Ed vestia também as roupas da mãe, e ficava perambulando pela casa. Ed tinha os costume de confeccionar móveis e objetos feitos de pele, partes de corpos e ossos.
Mais tarde, começou a matar mulheres com idade e semelhanças físicas à sua mãe, alegando que era a própria que, através de vozes, o incentivava a matar.
A primeira vítima foi Mary Hogan, dona do bar que ele frequentava, em Dezembro de 1954. No mês de Novembro de 1957, Ed Gein voltou a atacar. Desta vez foi Bernice Worden dona da loja de ferragens que ele costumava frequentar. O corpo de Bernice foi encontrado despido e decapitado com um corte que ia da vagina até o pescoço, pendurado de cabeça para baixo num gancho de açougueiro e amarrado com cordas. Os seus intestinos e órgãos foram encontrados dentro de uma caixa e o seu coração estava num prato na sala de jantar.
Contudo, neste último homicídio acabou por deixar pistas que acabaram por o denunciar, deixou o seu camião estacionado à frente do local do crime toda a noite.
Ed Gein foi preso em 1957 em Plainfield, nos Estados Unidos.
Na sua residência, mediatizada como “a casa dos horrores”, a polícia encontrou um crânio usado como tigela de sopa; um tambor feito com pele humana; um corpo decapitado e cortado ao meio, pendurado no quintal; narizes num copo; um par de lábios pendurados num fio; um coração humano no forno; um cinto feito de mamilos; partes de diversos órgãos no frigorífico, extraídos de quinze corpos femininos diferentes; e nove vulvas dentro de uma caixa de sapatos.
Ed confessou que gostava de se vestir com as roupas e máscaras confeccionadas de pele humana e fingir ser a sua própria mãe.
Declarou, igualmente, que não se lembrava, ao todo, quantos assassinatos havia cometido.
À conversa com Édipo: O Complexo em Humanês
Um dos conceitos introduzidos por Sigmund Freud no seio da sua teoria Psicossexual do Desenvolvimento Humano que mais suscitou polémica entre os leitores foi, de facto, o Complexo de Édipo.
Ora por culpa do próprio S. Freud por não apostar numa explicação mais clara deste conceito ora por culpa dos leitores não lerem as entrelinhas, este termo ficou sempre à quem nas suas explicações e na sua demonstração prática.
Com este post desejo contribuir para uma melhor assimilação do que se trata o mais famoso Complexo da teoria psicanalitica, utilizando linguagem corrente para um melhor entendimento. Todavia, antes de explorar o termo na sua concepção prática, coloco aqui o Mito que deu origem ao Complexo:
O mito
“Laio, rei da cidade de Tebas e casado com Jocasta, foi advertido pelo oráculo de que não poderia gerar filhos e, se esse mandamento fosse desobedecido, o mesmo seria morto pelo próprio filho, que se casaria com a mãe.
O rei de Tebas não acreditou e teve um filho com Jocasta. Depois arrependeu-se do que havia feito e abandonou a criança numa montanha com os tornozelos furados para que ela morresse. A ferida que ficou no pé do menino é que deu origem ao nome Édipo, que significa pés inchados. O menino não morreu e foi encontrado por alguns pastores, que o levaram a Polibo, o rei de Corinto, este que o criou como filho legítimo. Quando ficou a saber que era filho adoptivo, Édipo foi até ao oráculo de Delfos para saber o seu destino. O oráculo disse que o seu destino era matar o pai e casar com a própria mãe. Espantado, ele deixou Corinto e foi em direcção a Tebas. No meio do caminho, encontrou Laio que pediu para que ele abrisse caminho para passar. Édipo não atendeu ao pedido do rei e lutou com ele até o matar.
Sem saber que havia matado o próprio pai, Édipo prosseguiu a sua viagem para Tebas.
O povo de Tebas saudou Édipo como seu novo rei, e entregou-lhe Jocasta como esposa. A verdade foi esclarecida (Édipo casara-se com a sua mãe), Édipo cegou-se e Jocasta enforcou-se.”
Do mito ao complexo
Sigmund Freud transpôs este mito para um fenómeno presente numa fase do desenvolvimento infantil que decorre entre os 3 e os 5 anos de idade (denominada Fase Fálica) onde, segundo o autor, a criança desenvolve sentimentos amorosos e hostis face aos seus pais. Na sua forma positiva, verifica-se que o filho experiencia desejos amorosos pela sua mãe e sentimentos de ódio pelo seu pai (na filha verifica-se o inverso, desejos amorosos pelo pai e sentimento hostil pela mãe), e na sua forma negativa verifica-se que a criança manifesta raiva pelo sexo oposto e o dito amor pela figura parental do mesmo sexo.
O complexo de édipo em humanês
Deixando de lado conceitos psicanalíticos, o complexo de édipo, em termos práticos, traduz-se, essencialmente, através de uma triangulação (Criança-Pai-Mãe) que, inicialmente, não é mais do que uma relação dual (Criança-Mãe).
Nos primeiros dois/três anos de vida do bebé, em termos gerais, o conforto, suporte e protecção é estabelecido de uma forma mais vincada pela mãe. Começando pela gravidez, seguido pelo período de amamentação e do contacto físico mais presente nos anos que se seguem, a mãe apresenta-se como a figura de destaque para a vida do bebé (relação dual mãe-bebé).
Por volta dos 3 anos de idade, a criança começa a integrar num mundo de regras e proibições (incentivada a deixar a chupeta, os castigos começam a surgir e os limites começam a fazer parte da vida da própria criança). Ou seja, esta fase edipiana é, essencialmente, uma fase de diferenciação em que a criança percebe que existe um mundo cultural e de regras nunca antes percebido e que os próprios pais pertencem a essa cultura, onde toda a atenção antes dada (conceito de narcisismo primário – Sua Majestade, o Bebé) já não será possível. Nesta fase a relação dual Mãe-Bebé é afectada por um novo membro, o Pai, estabelecendo-se, assim a triangulação Mãe-Pai-Bebé.
O pai apresenta, nesta fase, dois papeis de destaque: figura de autoridade, que impõe regras e limites e que promove a diferenciação da criança do seu mundo, assim como o papel de figura masculina (promovendo uma identificação com o filho e uma atracção por parte da filha, estabelecendo, para esta, um novo modelo de “paixão”). Nesta idade é comum ouvirmos os filhos a dizerem, por exemplo, “quero casar com a minha mãe”.
Ora, estas palavras não podem ser interpretadas com os nossos conceitos nem com a nossa percepção de adultos e sim com o mundo infantil. Por exemplo, o ciúme que o filho sente ao ver o pai com a mãe, prende-se, apenas, pelo facto de a atenção da mãe ter sido, anteriormente, percepcionada para ele como uma totalidade na relação dual Mãe-Filho.
Assim nesta fase, num panorama psicanalítico, ocorre os primeiros desenvolvimentos da sexualidade, onde a criança se identifica com a figura do mesmo sexo, alimentando uma atracção pela figura do sexo oposto (génese da heterossexualidade).
Salienta-se, mais uma vez, que o conceito de sexualidade infantil (relacionado mais com a obtenção de carinho, prazer) não pode ser equiparado ao conceito de sexualidade adulta (muitas vezes associado unicamente ao acto sexual).
A não resolução do complexo
Foi apresentado o modo como ocorre a vertente positiva do complexo de édipo: identificação com o progenitor do mesmo sexo, marcada pela rivalidade e competição pela a atenção do membro do sexo oposto. Depois dos 5 anos, quando termina o complexo de édipo, dá-se a entrada para a escola o que facilita o desapego em relação à mãe e as interiorizações de regras e à nova fase do desenvolvimento: fase escolar e de socialização com o grupo de amigos.
Mas o que acontece se esta fase não for devidamente ultrapassada, ou seja, se ocorrer a vertente negativa: identificação com o membro do sexo oposto e desejo pelo membro do mesmo sexo?
Diversas são as pessoas que poderão ficar fixadas neste período edipiano, possivelmente por falta de autonomia oferecida pelas figuras parentais (com maior destaque pela figura materna).
Desta forma podemos observar, por exemplo, indivíduos do sexo masculino completamente submissos e imaturos, outros que procuram companheiras com imagem semelhante à sua própria mãe (veja-se o exemplo do famoso serial killer Ed Gein) ou ainda outros indivíduos que manifestam comportamentos efeminados uma vez que a hostilidade do pai e a super-protecção da mãe poderiam promover a identificação com o membro do sexo oposto (neste caso, com a figura materna) . No caso das raparigas com complexo de édipo invertido encontram-se presentes sintomas de ansiedade, grandes ligações com a figura materna traduzindo-se em falta de autonomia e, nalguns casos, depressão.
Do século XIX ao século XXI
Actualmente pode-se considerar que o complexo de édipo não é um fenómeno universal, atendendo que cada vez mais ambas as figuras parentais dispõem atenção, carinho e afecto de igual modo, e nalguns casos o pai até pode desempenhar um papel de maior destaque no cuidado dos filhos do que a própria mãe.
Todavia este fenómeno edipiano ainda se pode verificar em muitas situações, principalmente em contexto de consulta psicológica. Mães que não deixam os filhos crescerem ou pais demasiado autoritários podem vincar esta etapa fulcral no desenvolvimento infantil.
Ora por culpa do próprio S. Freud por não apostar numa explicação mais clara deste conceito ora por culpa dos leitores não lerem as entrelinhas, este termo ficou sempre à quem nas suas explicações e na sua demonstração prática.
Com este post desejo contribuir para uma melhor assimilação do que se trata o mais famoso Complexo da teoria psicanalitica, utilizando linguagem corrente para um melhor entendimento. Todavia, antes de explorar o termo na sua concepção prática, coloco aqui o Mito que deu origem ao Complexo:
O mito
“Laio, rei da cidade de Tebas e casado com Jocasta, foi advertido pelo oráculo de que não poderia gerar filhos e, se esse mandamento fosse desobedecido, o mesmo seria morto pelo próprio filho, que se casaria com a mãe.
O rei de Tebas não acreditou e teve um filho com Jocasta. Depois arrependeu-se do que havia feito e abandonou a criança numa montanha com os tornozelos furados para que ela morresse. A ferida que ficou no pé do menino é que deu origem ao nome Édipo, que significa pés inchados. O menino não morreu e foi encontrado por alguns pastores, que o levaram a Polibo, o rei de Corinto, este que o criou como filho legítimo. Quando ficou a saber que era filho adoptivo, Édipo foi até ao oráculo de Delfos para saber o seu destino. O oráculo disse que o seu destino era matar o pai e casar com a própria mãe. Espantado, ele deixou Corinto e foi em direcção a Tebas. No meio do caminho, encontrou Laio que pediu para que ele abrisse caminho para passar. Édipo não atendeu ao pedido do rei e lutou com ele até o matar.
Sem saber que havia matado o próprio pai, Édipo prosseguiu a sua viagem para Tebas.
O povo de Tebas saudou Édipo como seu novo rei, e entregou-lhe Jocasta como esposa. A verdade foi esclarecida (Édipo casara-se com a sua mãe), Édipo cegou-se e Jocasta enforcou-se.”
Do mito ao complexo
Sigmund Freud transpôs este mito para um fenómeno presente numa fase do desenvolvimento infantil que decorre entre os 3 e os 5 anos de idade (denominada Fase Fálica) onde, segundo o autor, a criança desenvolve sentimentos amorosos e hostis face aos seus pais. Na sua forma positiva, verifica-se que o filho experiencia desejos amorosos pela sua mãe e sentimentos de ódio pelo seu pai (na filha verifica-se o inverso, desejos amorosos pelo pai e sentimento hostil pela mãe), e na sua forma negativa verifica-se que a criança manifesta raiva pelo sexo oposto e o dito amor pela figura parental do mesmo sexo.
O complexo de édipo em humanês
Deixando de lado conceitos psicanalíticos, o complexo de édipo, em termos práticos, traduz-se, essencialmente, através de uma triangulação (Criança-Pai-Mãe) que, inicialmente, não é mais do que uma relação dual (Criança-Mãe).
Nos primeiros dois/três anos de vida do bebé, em termos gerais, o conforto, suporte e protecção é estabelecido de uma forma mais vincada pela mãe. Começando pela gravidez, seguido pelo período de amamentação e do contacto físico mais presente nos anos que se seguem, a mãe apresenta-se como a figura de destaque para a vida do bebé (relação dual mãe-bebé).
Por volta dos 3 anos de idade, a criança começa a integrar num mundo de regras e proibições (incentivada a deixar a chupeta, os castigos começam a surgir e os limites começam a fazer parte da vida da própria criança). Ou seja, esta fase edipiana é, essencialmente, uma fase de diferenciação em que a criança percebe que existe um mundo cultural e de regras nunca antes percebido e que os próprios pais pertencem a essa cultura, onde toda a atenção antes dada (conceito de narcisismo primário – Sua Majestade, o Bebé) já não será possível. Nesta fase a relação dual Mãe-Bebé é afectada por um novo membro, o Pai, estabelecendo-se, assim a triangulação Mãe-Pai-Bebé.
O pai apresenta, nesta fase, dois papeis de destaque: figura de autoridade, que impõe regras e limites e que promove a diferenciação da criança do seu mundo, assim como o papel de figura masculina (promovendo uma identificação com o filho e uma atracção por parte da filha, estabelecendo, para esta, um novo modelo de “paixão”). Nesta idade é comum ouvirmos os filhos a dizerem, por exemplo, “quero casar com a minha mãe”.
Ora, estas palavras não podem ser interpretadas com os nossos conceitos nem com a nossa percepção de adultos e sim com o mundo infantil. Por exemplo, o ciúme que o filho sente ao ver o pai com a mãe, prende-se, apenas, pelo facto de a atenção da mãe ter sido, anteriormente, percepcionada para ele como uma totalidade na relação dual Mãe-Filho.
Assim nesta fase, num panorama psicanalítico, ocorre os primeiros desenvolvimentos da sexualidade, onde a criança se identifica com a figura do mesmo sexo, alimentando uma atracção pela figura do sexo oposto (génese da heterossexualidade).
Salienta-se, mais uma vez, que o conceito de sexualidade infantil (relacionado mais com a obtenção de carinho, prazer) não pode ser equiparado ao conceito de sexualidade adulta (muitas vezes associado unicamente ao acto sexual).
A não resolução do complexo
Foi apresentado o modo como ocorre a vertente positiva do complexo de édipo: identificação com o progenitor do mesmo sexo, marcada pela rivalidade e competição pela a atenção do membro do sexo oposto. Depois dos 5 anos, quando termina o complexo de édipo, dá-se a entrada para a escola o que facilita o desapego em relação à mãe e as interiorizações de regras e à nova fase do desenvolvimento: fase escolar e de socialização com o grupo de amigos.
Mas o que acontece se esta fase não for devidamente ultrapassada, ou seja, se ocorrer a vertente negativa: identificação com o membro do sexo oposto e desejo pelo membro do mesmo sexo?
Diversas são as pessoas que poderão ficar fixadas neste período edipiano, possivelmente por falta de autonomia oferecida pelas figuras parentais (com maior destaque pela figura materna).
Desta forma podemos observar, por exemplo, indivíduos do sexo masculino completamente submissos e imaturos, outros que procuram companheiras com imagem semelhante à sua própria mãe (veja-se o exemplo do famoso serial killer Ed Gein) ou ainda outros indivíduos que manifestam comportamentos efeminados uma vez que a hostilidade do pai e a super-protecção da mãe poderiam promover a identificação com o membro do sexo oposto (neste caso, com a figura materna) . No caso das raparigas com complexo de édipo invertido encontram-se presentes sintomas de ansiedade, grandes ligações com a figura materna traduzindo-se em falta de autonomia e, nalguns casos, depressão.
Do século XIX ao século XXI
Actualmente pode-se considerar que o complexo de édipo não é um fenómeno universal, atendendo que cada vez mais ambas as figuras parentais dispõem atenção, carinho e afecto de igual modo, e nalguns casos o pai até pode desempenhar um papel de maior destaque no cuidado dos filhos do que a própria mãe.
Todavia este fenómeno edipiano ainda se pode verificar em muitas situações, principalmente em contexto de consulta psicológica. Mães que não deixam os filhos crescerem ou pais demasiado autoritários podem vincar esta etapa fulcral no desenvolvimento infantil.
Mecanismos de Defesa
Como havia referido no post anterior, somos, por vezes, confrontados por conflitos intra-psíquicos geradores de angústia e ansiedade.
Cabe-nos a nós (ao nosso ego) de criar certas estratégias defensivas para tentar reduzir essa tensão que perturba a homeostáse (o equilibro) do nosso aparelho psíquico.
A estas estratégias chamamos de Mecanismos de Defesa do Ego.
Para elucidar melhor quais são os mecanismos geralmente mais utilizados, recorrerei a casos práticos do nosso quotidiano.
Assim sublinho:
1 – Recalcamento: o indivíduo transporta para níveis inconscientes os desejos e sentimentos que não permite que sejam acessíveis à sua consciência. Este tipo de informação transparece, posteriormente, de forma disfarçada de sonhos, actos falhados, sintomatologia neurótica. É exemplo disso um paciente se esquecer de fazer uma tarefa geradora de ansiedade que o terapeuta lhe recomendou.
2- Racionalização: o indivíduo justifica, de forma racional, o seu comportamento inadequado, diluindo a componente emocional de uma situação geradora de ansiedade ou de angústia. Como exemplo: um homem justifica um roubo a uma loja por o dono da mesma não se encontrar no balcão para o atender.
3- Regressão: o indivíduo adopta modos de pensamento e de comportamentos característicos de uma fase de desenvolvimento anterior. Este tipo de mecanismo verifica-se com bastante regularidade em crianças que acabaram de ter um irmão. Uma criança que já tinha adquirido o controlo esfincteriano, perante o nascimento de um irmão que lhe retira uma porção da atenção dos pais, volta ao seu quadro de, por exemplo, enurese, recomeçando a urinar na cama.
4- Projecção: com este mecanismo, o indivíduo atribui aos outros os seus próprios desejos e ideias que não consegue integrar no seu consciente. É, provavelmente, o mecanismo mais utilizado e pode ser explicado pelo clássico exemplo de uma pessoa apontar críticas e defeitos a outra quando é a própria que tem esses mesmos defeitos.
5- Deslocamento: pela via do deslocamento, o individuo transfere impulsos e emoções do seu objecto-alvo para um objecto substituto. É também um clássico dos mecanismos na psicologia infantil que pode ser ilustrado por uma criança que, após uma discussão com os pais, bate nos seus bonecos com cólera.
6- Sublimação: neste mecanismo, o indivíduo substitui, novamente, o objecto-alvo mas com o objectivo das suas emoções e impulsos (pulsões) se poderem manifestar de uma forma socialmente aceite. Como exemplo, pode ser referido o caso de um pirómano que ingressa no corpo de bombeiros ou um anti-social no corpo da polícia.
7- Formação Reactiva: com esta estratégia, o indivíduo resolve os conflitos adoptando uma postura oposta às suas pulsões (à sua vontade). Clássicos exemplos de pessoas que se afastam de quem gostam, pessoas que falam num tom amistoso para quem odeiam.
8- Negação: tentativa do indivíduo em não integrar no Ego informação que lhe causa angústia e ansiedade. Para ilustrar este exemplo, basta pensar na primeira fase do luto onde a pessoa nega a perda da pessoa amada.
9- Introjecção: mecanismo oposto à projecção, onde o indivíduo aceita os conteúdos de projecção como verdades do ego, integrando essa informação para si mesmo. Veja-se o caso da depressão onde a introjecção de conteúdos de culpabilidade é bem visível.
10- Compensação: com este mecanismo, o indivíduo compensa alguma característica pessoal que considere deficitária, por um outro atributo que o faça sentir-se mais agradável. Uma pessoa que se considere fisicamente feia, poderá elevar-se por estar a tirar Medicina ou por ter grandes fundos monetários.
Existem muitos outros mecanismos de defesa, contudo não pretendo, de modo algum, uma aula teórica sobre este tema e sim, apenas elucidar, de uma forma mais ou menos prática, a complexidade do nosso aparelho psíquico e as estratégias por ele usado quando nos confrontamos com conflitos que visam atingir a integridade do nossa estrutura, do nosso ego.
Saliento, mais uma vez, que estas estratégias defensivas ocorrem a um nível inconsciente.
Cabe-nos a nós (ao nosso ego) de criar certas estratégias defensivas para tentar reduzir essa tensão que perturba a homeostáse (o equilibro) do nosso aparelho psíquico.
A estas estratégias chamamos de Mecanismos de Defesa do Ego.
Para elucidar melhor quais são os mecanismos geralmente mais utilizados, recorrerei a casos práticos do nosso quotidiano.
Assim sublinho:
1 – Recalcamento: o indivíduo transporta para níveis inconscientes os desejos e sentimentos que não permite que sejam acessíveis à sua consciência. Este tipo de informação transparece, posteriormente, de forma disfarçada de sonhos, actos falhados, sintomatologia neurótica. É exemplo disso um paciente se esquecer de fazer uma tarefa geradora de ansiedade que o terapeuta lhe recomendou.
2- Racionalização: o indivíduo justifica, de forma racional, o seu comportamento inadequado, diluindo a componente emocional de uma situação geradora de ansiedade ou de angústia. Como exemplo: um homem justifica um roubo a uma loja por o dono da mesma não se encontrar no balcão para o atender.
3- Regressão: o indivíduo adopta modos de pensamento e de comportamentos característicos de uma fase de desenvolvimento anterior. Este tipo de mecanismo verifica-se com bastante regularidade em crianças que acabaram de ter um irmão. Uma criança que já tinha adquirido o controlo esfincteriano, perante o nascimento de um irmão que lhe retira uma porção da atenção dos pais, volta ao seu quadro de, por exemplo, enurese, recomeçando a urinar na cama.
4- Projecção: com este mecanismo, o indivíduo atribui aos outros os seus próprios desejos e ideias que não consegue integrar no seu consciente. É, provavelmente, o mecanismo mais utilizado e pode ser explicado pelo clássico exemplo de uma pessoa apontar críticas e defeitos a outra quando é a própria que tem esses mesmos defeitos.
5- Deslocamento: pela via do deslocamento, o individuo transfere impulsos e emoções do seu objecto-alvo para um objecto substituto. É também um clássico dos mecanismos na psicologia infantil que pode ser ilustrado por uma criança que, após uma discussão com os pais, bate nos seus bonecos com cólera.
6- Sublimação: neste mecanismo, o indivíduo substitui, novamente, o objecto-alvo mas com o objectivo das suas emoções e impulsos (pulsões) se poderem manifestar de uma forma socialmente aceite. Como exemplo, pode ser referido o caso de um pirómano que ingressa no corpo de bombeiros ou um anti-social no corpo da polícia.
7- Formação Reactiva: com esta estratégia, o indivíduo resolve os conflitos adoptando uma postura oposta às suas pulsões (à sua vontade). Clássicos exemplos de pessoas que se afastam de quem gostam, pessoas que falam num tom amistoso para quem odeiam.
8- Negação: tentativa do indivíduo em não integrar no Ego informação que lhe causa angústia e ansiedade. Para ilustrar este exemplo, basta pensar na primeira fase do luto onde a pessoa nega a perda da pessoa amada.
9- Introjecção: mecanismo oposto à projecção, onde o indivíduo aceita os conteúdos de projecção como verdades do ego, integrando essa informação para si mesmo. Veja-se o caso da depressão onde a introjecção de conteúdos de culpabilidade é bem visível.
10- Compensação: com este mecanismo, o indivíduo compensa alguma característica pessoal que considere deficitária, por um outro atributo que o faça sentir-se mais agradável. Uma pessoa que se considere fisicamente feia, poderá elevar-se por estar a tirar Medicina ou por ter grandes fundos monetários.
Existem muitos outros mecanismos de defesa, contudo não pretendo, de modo algum, uma aula teórica sobre este tema e sim, apenas elucidar, de uma forma mais ou menos prática, a complexidade do nosso aparelho psíquico e as estratégias por ele usado quando nos confrontamos com conflitos que visam atingir a integridade do nossa estrutura, do nosso ego.
Saliento, mais uma vez, que estas estratégias defensivas ocorrem a um nível inconsciente.
Uma questão de Inconsciência
Um dos conceitos mais associados ao pai da psicanálise, Sigmund Freud, pondo de parte questões mais sexualizadas (por agora), é, sem dúvida, um dos componentes do aparelho psíquico – o (In)consciente.
O inconsciente freudiano, tal como o nome indica, refere-se ao que não é acessível à consciência humana, podendo ser equiparado a um reservatório de memórias reprimidas de acontecimentos traumáticos, assim como de impulsos geradores de ansiedade, atendendo à sua indesejabilidade social percepcionada pelo indivíduo.
Todavia, é de realçar que toda esta complexidade do aparelho psíquico humano apresenta as suas lacunas e, por vezes, material inconsciente emerge até níveis de consciência, fazendo-nos passar as ditas situações de vergonha social.
Tomemos como exemplo a seguinte situação:
O João e o Paulo são colegas de trabalho numa empresa. Numa noite, depois do trabalho, o João convida o Paulo para tomarem um copo e conversarem. No meio da conversa, o João confidencia ao seu amigo que anda a trair a sua mulher com uma colega deles do trabalho, a Sofia. O Paulo, não se querendo meter nessa triangulação relacional, evita explorar muito o tema. No dia seguinte, a mulher do João, a Helena, convida o Paulo e a mulher para irem jantar a casa deles. Quando o Paulo e a mulher chegam, a Helena cumprimenta-os, ao que o Paulo replica – “Está tudo bem Sofia, e contigo como vão as coisas?”.
Neste caso, encontramo-nos perante o clássico acto freudiano, ou como é trivialmente denominado, acto falhado ou erros linguísticos, que não são mais do que manifestações de material reprimido. Tal repressão ocorre ao nível inconsciente o difere da nossa tentativa de tentar esquecer um assunto que nos embaraçou num dado momento.
Previamente a uma explicação de como se mecanizam as repressões, considero relevante ter presente dois aspectos relativos à homestáse do psiquismo humano:
1- É necessário um investimento energético para o processamento e funcionamento das nossas cognições (pensamentos, memórias…)
2- Quando o nosso aparelho psíquico contém energia acumulada em demasia, é necessário descarregá-la para nos devolver o equilíbrio interno (tomamos como exemplo a forte necessidade, para quem a tem, de fumar um cigarro ou de beber um café para que o corpo responda positivamente e a pessoa se sinta bem consigo mesma)
Assim, caso das repressões ou recalcamento (mecanismo de defesa a ser tratado num futuro post) as memórias, que contêm uma grande porção de energia psíquica e não a podendo descarregar directamente devido ao consciente, tentam veicular tal energia até níveis superiores sob formas disfarçadas (sonhos, pensamentos neuróticos, actos falhados) como o sucedido no caso-exemplo que apresentei – em vez do Paulo chamar a mulher do seu amigo de Helena, chamou-a de Sofia (informação reprimida).
Em suma, a informação que recalcamos para níveis profundos do nosso psiquismo não passam, de forma generalista, de memórias e fantasias não compatíveis com a nossa percepção externa idealizada, com o nosso Eu (ego), que, ao necessitarem de libertar a energia contida oprimida pelo consciente, surgem sob um leque de formas como sonhos e sintomas neuróticos.
O inconsciente freudiano, tal como o nome indica, refere-se ao que não é acessível à consciência humana, podendo ser equiparado a um reservatório de memórias reprimidas de acontecimentos traumáticos, assim como de impulsos geradores de ansiedade, atendendo à sua indesejabilidade social percepcionada pelo indivíduo.
Todavia, é de realçar que toda esta complexidade do aparelho psíquico humano apresenta as suas lacunas e, por vezes, material inconsciente emerge até níveis de consciência, fazendo-nos passar as ditas situações de vergonha social.
Tomemos como exemplo a seguinte situação:
O João e o Paulo são colegas de trabalho numa empresa. Numa noite, depois do trabalho, o João convida o Paulo para tomarem um copo e conversarem. No meio da conversa, o João confidencia ao seu amigo que anda a trair a sua mulher com uma colega deles do trabalho, a Sofia. O Paulo, não se querendo meter nessa triangulação relacional, evita explorar muito o tema. No dia seguinte, a mulher do João, a Helena, convida o Paulo e a mulher para irem jantar a casa deles. Quando o Paulo e a mulher chegam, a Helena cumprimenta-os, ao que o Paulo replica – “Está tudo bem Sofia, e contigo como vão as coisas?”.
Neste caso, encontramo-nos perante o clássico acto freudiano, ou como é trivialmente denominado, acto falhado ou erros linguísticos, que não são mais do que manifestações de material reprimido. Tal repressão ocorre ao nível inconsciente o difere da nossa tentativa de tentar esquecer um assunto que nos embaraçou num dado momento.
Previamente a uma explicação de como se mecanizam as repressões, considero relevante ter presente dois aspectos relativos à homestáse do psiquismo humano:
1- É necessário um investimento energético para o processamento e funcionamento das nossas cognições (pensamentos, memórias…)
2- Quando o nosso aparelho psíquico contém energia acumulada em demasia, é necessário descarregá-la para nos devolver o equilíbrio interno (tomamos como exemplo a forte necessidade, para quem a tem, de fumar um cigarro ou de beber um café para que o corpo responda positivamente e a pessoa se sinta bem consigo mesma)
Assim, caso das repressões ou recalcamento (mecanismo de defesa a ser tratado num futuro post) as memórias, que contêm uma grande porção de energia psíquica e não a podendo descarregar directamente devido ao consciente, tentam veicular tal energia até níveis superiores sob formas disfarçadas (sonhos, pensamentos neuróticos, actos falhados) como o sucedido no caso-exemplo que apresentei – em vez do Paulo chamar a mulher do seu amigo de Helena, chamou-a de Sofia (informação reprimida).
Em suma, a informação que recalcamos para níveis profundos do nosso psiquismo não passam, de forma generalista, de memórias e fantasias não compatíveis com a nossa percepção externa idealizada, com o nosso Eu (ego), que, ao necessitarem de libertar a energia contida oprimida pelo consciente, surgem sob um leque de formas como sonhos e sintomas neuróticos.
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